Quando e por que a alfândega retém pescado
O pescado é uma categoria de alto risco para controle sanitário e fitossanitário. Por isso, cargas entram numa triagem mais rigorosa ao desembarcar: documentação incompleta, suspeita de contaminação, ausência de certificados, amostras para análise, ou divergências entre valores declarados e mercadoria podem motivar retenção.
Entender os motivos é o primeiro passo para destravar a carga. Nas próximas seções detalhamos causas, documentação, fluxo de comunicação entre importador, agente de carga e órgãos (ANVISA/MAPA/Receita Federal), prazos típicos e custos envolvidos. Este guia foi pensado para operadores logísticos, importadores e compradores B2B que precisam agir rapidamente para preservar a qualidade e reduzir perdas.
Principais motivos de retenção
- Falta ou irregularidade de certificado sanitário — documentos como "health certificate" do exportador e certificações exigidas pelo MAPA/ANVISA são frequentemente exigidos.
- Documentação fiscal inconsistente — valores divergentes na invoice, NCM incorreto ou ausência de classificação fiscal.
- Suspeita de contaminação — resultados de amostras que apontem para presença de substâncias fora do limite permitido.
- Itens não habilitados para importação — espécies que exigem autorização específica.
- Fiscalização amostral e testes laboratoriais — podem haver testes físico-químicos e microbiológicos que demoram dias.
Fluxo recomendado ao identificar retenção
- Confirme a razão da retenção — receba relatório do armazenador/terminal/receita e peça o número do processo aduaneiro.
- Contate o despachante e o agente de carga — esses profissionais têm acesso direto ao SISCOMEX e ao processo na Receita Federal; comunique-se por escrito (e-mail) para rastreabilidade.
- Reúna documentação — invoice, packing list, certificado sanitário, certificados de origem (se aplicável), licença de importação, comprovante de pagamento de frete e seguro.
- Verifique exigências específicas de ANVISA/MAPA — alguns itens exigem priorização de laudos ou autorização prévia.
- Providencie laudos e análises — se solicitado, coordene a coleta de amostras e envio a laboratório credenciado. Mantenha comunicação contínua com o laboratório para reduzir tempo ocioso.
- Negocie armazenamento e custos — cargas perecíveis geram custo de armazenagem por hora/dia; planeje logística de retirada ou destruição (se necessário).
- Se necessário, apresente defesa/impugnação — em casos de autuação fiscal, o importador pode apresentar documentação suplementar ou contestação técnica via despachante.
Documentos que aceleram o desembaraço
Tenha sempre disponíveis e corretos:
- Commercial Invoice com descrição detalhada (espécie, peso bruto e líquido, tratamento)
- Packing List com marcação por lote e caixa
- Certificado Sanitário e/ou Certificado de Origem, conforme exigência
- Conhecimento de embarque (BL ou AWB) e comprovante de pagamento do frete
- Licenças de importação (quando aplicável) e credenciais do importador
Tabelas de custos e prazos estimados (orientativos)
Valores e prazos variam por porto, armazenador e caso específico. A tabela abaixo é apenas um panorama para planejamento.
| Etapa | Prazo típico | Custo (estimado) |
|---|---|---|
| Notificação de retenção | 0-24 horas | Gratuito |
| Coleta e envio de amostras | 1-7 dias úteis | R$ 300 - R$ 2.500 |
| Análise laboratorial | 3-15 dias úteis | R$ 500 - R$ 5.000 |
| Armazenagem (câmara fria) | diária | R$ 100 - R$ 1.000 / dia |
Boas práticas para importadores de pescado
- Fornecedores certificados: trabalhe apenas com fornecedores que emitam certificados sanitários válidos e reconhecidos pelo MAPA/ANVISA.
- Documentação padronizada: use templates claros para invoice/packing list com NCM e peso por lote.
- Despachante proativo: escolha despachantes com experiência em produtos de origem animal e com boas relações com laboratórios e terminais.
- Seguro e cláusulas contratuais: inclua cláusulas sobre responsabilidades em retenções, custos de armazenagem e destruição.
- Plano B logístico: tenha rotas alternativas e terminais que admitam liberação rápida para perecíveis.
Casos recorrentes e soluções práticas
Caso: certificado sanitário com campo de tratamento inválido — Solução: solicitar reemissão ao exportador e solicitar prioridade de revalidação junto ao despachante.
Caso: divergência de peso — Solução: apresentar pesagem independente com laudo do terminal e conciliar com notas fiscais.
Quando a carga precisa ser destruída
A destruição é autorizada quando análise comprova risco sanitário ou quando custos de regularização superam valor da mercadoria. Antes de autorizar destruição, avalie:
- Possibilidade de reexportação
- Reclassificação para uso não alimentício (se aplicável)
- Custos cumulativos de armazenagem versus valor líquido do lote
Checklist final de ações imediatas
- Registrar o processo por escrito com números de protocolo.
- Enviar infraestrutura probatória (fotos, vídeos, lotes) para o despachante.
- Confirmar cobertura de seguro e responsabilidades contratuais.
- Planilhar custos e prazos para decisão sobre liberação, reexportação ou destruição.
Recursos úteis
- Portal da Receita Federal (SISCOMEX)
- MAPA — Ministério da Agricultura
- ANVISA — requisitos para importação de alimentos
- Lista de laboratórios credenciados (verificar no site do MAPA/ANVISA)
Se você é importador ou representante logístico e precisa de suporte técnico imediato, recomendamos contatar um despachante aduaneiro certificado e o nosso time logístico para consultoria operacional.
Artigo escrito por: Equipe técnica R Ibrahim Atacadista
Atualizado: 12/10/2025 — informações destinadas a orientar operações; verifique sempre legislações e normativos vigentes.